25 maio 2015

QUEM SE INCOMODOU COM AS CRÍTICAS DE LULA AOS PASTORES?

Acompanhei atento pela TV a indignação de alguns pastores-celebridades e pelas redes sociais, de outros não tão celebridades, sobre a fala de Lula com sindicalistas em São Paulo esta semana.
Lula foi irônico e disse que os sindicalistas deveriam se inspirar nos pastores evangélicos, que sempre jogam a culpa no diabo por tudo o que acontece de ruim. Ele disse: “Os pastores evangélicos jogam a culpa no diabo. Acho fantástico isso. Você está desempregado, é o diabo, está doente, é o diabo, tomou um tombo é o diabo, roubaram o seu carro é o diabo”. Arrancando gargalhadas na plateia.
Depois Lula também falou do dízimo e disse que a solução está ali e imitando uma pregação evangélica em tom de gozação conclamou os sindicalistas a copiar os métodos dos pastores no quesito dinheiro.
A fala de Lula deixou em polvorosa algumas lideranças evangélicas, pois, afinal, Lula tocou no cerne da questão da Teologia da Prosperidade. Culpar o diabo por tudo e amealhar dinheiro dos fiéis através do dízimo, um preceito do Velho Testamento que foi transportado para as Igrejas Cristãs e que muitos defendem com unhas e dentes.
Quero deixar bem claro aqui que não sou petista e muito menos lulista. Mas acho que o ex-presidente foi até bonzinho. Ele nem falou das campanhas estapafúrdias para arrancar dinheiro dos incautos, não falou das maracutáias políticas da dita “Bancada Evangélica”, hoje capitaneada pelo evangélico Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara dos Deputados e que tem feito horrores naquela casa.
Lula incomodou é bom que se diga a apenas uma parcela dos pastores. Incomodou os televisivos, os que se utilizam de métodos espúrios para pagar seu luxo e vaidade. Incomodou os que manipulam as consciências e exploram a boa fé de gente sofrida e frágil. Esses com certeza se incomodaram muito com as galhofas de Lula.
Mas os pastores de verdade, homens e mulheres de Deus, que se sacrificam para levar gratuitamente o genuíno Evangelho de Jesus, esses certamente não foram atingidos pela fala zombeteira de Lula.
Se a carapuça serviu para alguns então a fala de Lula foi profética, ela serviu para alertar aos mercenários da fé que a sociedade e os políticos estão de olho nos evangélicos e principalmente nos pastores que usam a fé para enriquecer.
Quem viver verá!

Haroldo Mendes

22 maio 2015

PAGANISMO EVANGÉLICO?




“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”. (Judas 1:3)

Fico perplexo com certas atitudes de alguns religiosos em nossos dias. Nas diversas igrejas temos pessoas de todos os tipos e personalidades. As pessoas vêm para as igrejas oriundas de universos sociais, econômicos e culturais diferentes e outras até de religiões diferentes. Isso faz com que haja uma gama enorme de situações e pensamentos os mais paradoxais possíveis dentro das comunidades cristãs.
Na maioria de nossas denominações evangélicas o quesito ensino está relegado a segundo plano, quando não a terceiro. Isso faz com que muitos crentes, antes doutos na Palavra de Deus, agora sejam verdadeiros analfabetos bíblicos. Ensinos básicos da doutrina cristã como a pessoa de Cristo, a salvação, justificação, etc, são ignorados como coisas irrelevantes. Hoje o que importa é a sensação de bem estar proporcionada pelos pregadores de autoajuda e da Teologia da Prosperidade.
As pessoas querem se sentir bem, não importa a doutrina e o ensino, pois, o que vale é se realizar emocionalmente e financeiramente. Daí assistirmos perplexos a um verdadeiro show de bizarrices e heresias diversas em nome de Deus e do Evangelho de Jesus.
Além da autoajuda ensinada nos púlpitos existe também entre as denominações um conceito muito errado da nossa relação com Deus. Eu me refiro à ideia de que Deus exige de nós um sacrifício, uma troca, para que ele possa nos abençoar. Explico. As pessoas acham que precisam dar alguma coisa para Deus para serem atendidas em seus pedidos. (dinheiro, renúncia de algo que se gosta, etc... em fim, um sacrifício qualquer) Esse é um erro recorrente na maioria das igrejas. O povo não compreende o grande amor de Deus e sua gratuidade, pensam que sempre terão de fazer “algo” para compensar a Deus pelo seu amor. Ora, isso é rejeitar a oferta gratuita do seu grande amor dado a nós em Cristo. O Senhor Jesus padeceu o martírio da cruz justamente devido à nossa incapacidade de agradar a Deus. Somente somos aceitáveis a Ele por meio de Jesus Cristo, que nos torna amigos de Deus. Qualquer tentativa de pagar outro “preço” que não seja o que já foi pago por Cristo na cruz é blasfêmia contra Deus e rejeição do seu amor incondicional.
Precisamos compreender melhor o sentido da fé cristã e evangélica. Estamos nos tornando uma religião quase pagã devido aos desvios absurdos muito comuns nos dias de hoje em muitas igrejas e denominações.
É tempo de vigilância e de reflexão.


Haroldo Mendes