11 fevereiro 2014

UMA MASSA IGNARA DE CRENTES

Uma frase da jornalista Marilene Felinto, escrita em 2001 no jornal Folha do São Paulo, causou enorme repulsa em alguns setores da Igreja Evangélica na época. Silas Malafaia esbravejou em seu programa de televisão contra a jornalista. O então governador do Rio de Janeiro, Antonhy Garotinho, que foi o alvo da coluna, escreveu para o jornal afirmando seu repúdio ao texto da jornalista.
Bem, o leitor deve estar indagando de que texto se trata, afinal fazem-se treze anos desde a publicação da frase que causou tanto mal estar nas lideranças evangélicas brasileiras. E confesso humilde, que a mim também causou à época certa indignação.
Mas vamos aos fatos, ou melhor, à frase. A colunista da Folha escreveu seu artigo cujo título era: “Brincando de presidente”, numa clara alusão à tentativa (frustrada) de Garotinho ser eleito presidente do Brasil nas eleições presidenciais de 2002. No texto Marilene Felinto chama Garotinho de obscurantista e que sua intenção seria implantar no Brasil uma ditadura de crentes. Entretanto não foi somente isso que irritou Garotinho e Silas Malafaia, mas sim uma frase que soou de maneira destoada e irritante aos ouvidos das lideranças evangélicas. Essa frase atingiu a sensibilidade e mexeu com os brios dos evangélicos brasileiros, principalmente os televisivos que pensam que pelo fato de estarem na mídia são obrigados a defender e a falar por todos os crentes.
A frase da jornalista bateu forte num momento em que Antonhy Garotinho mobilizava os evangélicos para votarem nele nas eleições presidenciais de 2002. A frase de Marilene nos provoca até hoje indignação, pois ela escreve com todas as letras que garotinho em seus objetivos políticos,

quer transformar o país numa ditadura de crentes: usa a MASSA IGNARA, os programas evangélicos na TV e no rádio para tentar criar nome".

Os evangélicos somam hoje algo em torno de 30% da população brasileira, esse é um contingente expressivo e não pode ser ignorado de forma alguma. Entretanto, a questão é que vendo e ouvindo os discursos que se fazem hoje tanto na TV como nos púlpitos e percebendo a alienação do nosso povo frente aos absurdos que se propalam nas mídias e igrejas chego a pensar que Marilene tem certa razão. Não há senso crítico. Os crentes engolem qualquer baboseira dita por alguém que se torna referência no meio evangélico.
Há sim em nosso meio uma massa ignara que faz questão de permanecer surda e muda frente aos desatinos e loucuras feitas por suas lideranças.
Penso que chegamos num momento de decisões. Podemos entrar nessa onda absurda e vazia da autoajuda e da pregação materialista da Teologia da Prosperidade ou então nos posicionarmos, balizados nas Escrituras Sagradas (Bíblia) e nos escritos dos Pais Apostólicos e estabelecer um divisor de águas na Igreja Evangélica Brasileira. Nesta questão querido leitor você precisa tomar sua decisão, pois, não dá para ficar em cima do muro e ver o barco afundando.

03 fevereiro 2014

IGREJA NÃO É CASA DE ESPETÁCULO, MAS LUGAR DE ACOLHIDA E TRANSFORMAÇÃO


Tenho acompanhado pela mídia especializada em assuntos evangélicos e pelas redes sociais as muitas loucuras e escândalos que ultimamente invadem o universo dos crentes.
Fatos como levar a “Arca da Aliança” num carro do Corpo de Bombeiros pelas ruas de Belo Horizonte e a suposta arca sendo acompanhada por uma multidão de fanáticos ensandecidos até chegarem ao templo para adoração é de uma bizarrice sem limites.
Fiquei estarrecido ao ver o vídeo. Não acreditei no que meus olhos viam, pensei que fosse miragem, engano, ilusão! Mas não. Isso estava realmente acontecendo e acabei descobrindo que esse foi um evento menor, diante de tudo o que está rolando no mundo dito evangélico.
A Igreja Evangélica chegou ao ápice da sua desorientação teológica e doutrinária. Com raras exceções a maioria das igrejas desconhece sua história (as que tem alguma história), os evangélicos do Brasil não sabem o mínimo sobre a Reforma Protestante e nem sobre os pais da igreja. Não há ensino e o que vemos é o desconhecimento total das escrituras, com exceção de textos isolados para servir aos propósitos interesseiros dos líderes.
Um pastor televisivo que antes era uma referência para nós, se prostrou diante do deus Mamon (dinheiro) e passou a ensinar doutrinas espúrias e pior, trazendo diretamente da terra do tio Sam uma figura esdrúxula para ensinar os evangélicos como ficar ricos e se manter na vida sem muito esforço. É de doer.....
Outro dia visitava um site de uma determinada igreja aqui de minha região (Barreiro – BH) e confesso que procurei encontrar alguma coisa útil, que edificasse que fizesse referência aos textos sagrados ou aos apóstolos e mesmo aos pais da Igreja. Mas não. O que vi foram apenas eventos de entretenimento com roupagem religiosa. Shows, movimentos para jovens, proposta de campanhas para realização de sonhos, geralmente busca de bens materiais. Não há um movimento sequer em direção aos menos favorecidos, aos que sofrem, aos idosos e aos miseráveis. A quem essa igreja serve?
Fatos como esses nos deixam perplexos e nos motivam a uma tomada de decisão. Não podemos aceitar passivamente a banalização da Igreja Evangélica. Ela precisa entrar no eixo, precisa voltar às suas raízes reformadas, necessitamos de um retrocesso histórico ao século XVI para avançarmos nesse século XXI com pujante ousadia e intrepidez de fé.
Vamos reler Lutero, Calvino, Zwínglio  e até Agostinho, que mesmo sendo católico ajudou a construir a beleza e a riqueza do protestantismo. Está na hora de uma guinada de 180 graus em direção à Palavra de Deus.
Igreja não é casa de espetáculo, mas sim lugar de acolhida e transformação.

Haroldo Mendes