Não sou cientista político e muito menos
analista de política. Sou apenas um cidadão brasileiro que acredita numa coisa
chamada democracia e que luta pela manutenção da liberdade. Acho que sou um
humanista, não sei, mas talvez algumas pessoas me definam assim. Um humanista
cristão.
Em todo ano de eleição acompanho
atentamente as propagandas políticas na televisão, rádio e pelos jornais. Gosto
dessa movimentação, amo ver o povo se preocupando com os rumos da nação e
participando, opinando, discutindo, em fim, exercendo sua cidadania. E penso
que é assim que deve ser.
Nesses últimos tempos está ocorrendo um
fenômeno que até bem pouco tempo atrás seria impensável no Brasil. A
participação dos evangélicos na política. Hoje os evangélicos tem representação
em praticamente todos os poderes e em todos os níveis. Isso é bom ou ruim? Bem,
acho que as duas coisas.
Vamos então fazer algumas observações
sobre a participação dos evangélicos na política.
Em primeiro lugar quero deixar claro para
o leitor que todos somos seres políticos e que, portanto, sendo evangélicos ou
não é importante a nossa participação. Pelo lado positivo podemos afirmar que o
fato de os evangélicos terem vereadores, deputados, senadores, governadores e
quem sabe até um presidente da república é algo bom e de maneira nenhuma é
contrário à Bíblia Sagrada a participação de cristãos. Afinal todas as classes
e segmentos sociais querem ter seus representantes no parlamento e os
evangélicos não fogem à regra. Inclusive, nessas eleições tivemos um candidato
à presidência da República, o pastor Everaldo.
Mas por outro lado essa participação tem
um aspecto negativo. Explico porque. Acontece que a grande maioria dos
evangélicos tem tendência a um certo messianismo e é muito espiritualizada em
todas as questões. Isso faz com que eles pensem que Deus levantará um político
que inclusive chegará à presidência da república e salvará o Brasil. Só que
esse salvar toma aspectos não somente sociais, mas também religiosos. Os
evangélicos sonham com uma nação evangélica e é aí que mora o perigo. Vivemos
num país onde há uma diversidade imensa de religiões e de crenças. Não dá para
formatar a nação num pacote único religioso, de um só segmento. Uma boa parte
dos evangélicos quer uma hegemonia protestante sobre as demais religiões.
Acredito que os princípios do Evangelho
quando adotados em determinada sociedade tenderá a melhorá-la substancialmente.
Mas o problema surge quando deixamos de aplicar os princípios do Evangelho e
passamos a impor os princípios de uma doutrina religiosa. Daí minha preocupação
com uma possível nação “evangélica”.
Penso como cristão que devemos lutar
incansavelmente por um governo de justiça e paz. Sem corrupção, com saúde,
educação e segurança para todos. E mais, devemos nos empenhar em eleger
políticos comprometidos com a ética e que tenham propostas que visam
oportunidades para todos os brasileiros.
Só assim acredito, teremos uma nação do
Evangelho, uma nação cujo Deus é o Senhor e não uma nação de um determinado
segmento religioso.
Oremos pelo Brasil.
Haroldo Mendes