28 abril 2008

Pela liberdade de expressão

Carta ao Ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal federal
Nós jornalistas não diplomados, mas formados no dia-a-dia das redações e em outras instâncias do saber, estamos muito preocupados com a banalização de nossa tão nobre profissão. A FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), que representa uma pequena parcela dos jornalistas brasileiros, quer impor a ferro e fogo o entulho ditatorial do decreto-lei 972/67 goela abaixo do povo brasileiro. Pior, eles querem retirar do mercado de trabalho mais de 15 mil profissionais jornalistas que pelo talento e vocação constroem a imprensa brasileira.
Sr.Ministro, conhecemos bem a realidade brasileira e exigir uma reserva de mercado num país como o nosso é no mínimo falta de bom senso. A maioria dos Sindicatos de Jornalistas e a Fenaj estão indo na contra mão da história. Eles querem passar por cima da Constituição Federal que nos garante a liberdade de expressão e de pensamento independente de censura ou licença. Conforme o Artigo 5º da Cosntituição federal.
Nós jornalistas de direito e de fato estamos cientes do funesto mercado das faculdades de comunicação. Elas que a peso de ouro vendem seus diplomas a jovens incautos, que pensam por estarem de posse do “canudo” serão jornalistas. Mas a realidade é bem outra. Esses jovens se iludem, pois todos os anos as faculdades despejam inúmeros “jornalistas” no mercado de trabalho, criando titulares de ilusão e pouquíssimos adentram na profissão. Com os avanços tecnológicos e a expansão da internet, torna-se obsoleta a exigência de diploma específico para exercer o jornalismo. Os leitores, ouvintes e telespectadores, querem ler ouvir e ver especialistas e não meros acadêmicos, que se apegam a teorias, sem, contudo entender a alma do povo!
O jornalismo é uma das poucas profissões que não se exige nenhuma formação específica. Ela atua no campo das idéias e, portanto deve ser exercida por qualquer um que tenha talento e aptidão para tal. Isso sem falar em sua especificidade de lidar com a liberdade de expressão, direito esse garantido pela Constituição de 1988.
Portanto em nome da democracia, da liberdade de imprensa e da qualidade de informação á sociedade, pedimos aos senhores, que erradiquem de vez o entulho ditatorial do decreto-lei 972/67 e abram essa caixa preta da reserva de mercado da profissão de jornalista, colocando um ponto final nas pretensões dos pelegos filhinhos de papais que querem mais o glamour da profissão do que o exercício sério da liberdade de expressão e da informação. Jornalismo é questão social e não meramente um jogo de interesses em favor de uma casta privilegiada.
Contamos com os senhores em nome da democracia!

Haroldo Mendes