Desde minha mais tenra idade
ouço as pessoas falarem de Deus. Já ouvi sacerdotes, pregadores itinerantes,
pastores, padres, rabinos, filósofos e pessoas leigas de modo geral. Todos
falam sobre Deus. Todos têm uma ideia, uma concepção de um ser superior que
eles chamam Deus.
No ambiente acadêmico da
teologia fala-se mais ainda e além de falar tenta-se de alguma maneira compreendê-lo,
como se isso fosse possível!
A ideia de Deus me parece, já
está impregnada em nossa essência interior. É como um DNA impresso em nossa
estrutura humana. Na alma? Na mente? Não sei. Mas o certo é que ninguém foge
disso. Até o ateu, aquele que diz não acreditar em Deus, se empenha em negar
essa marca impressa em sua estrutura, no seu DNA.
Já ouvi muitos absurdos sobre
Deus. Ideias as mais bizarras para tentar definir esse ser que na realidade
para todos nós é um mistério, uma incógnita, indefinido.
Os religiosos se arvoram em me
apontar a Bíblia, que é uma coleção de livros sagrados, aceitos tanto por
judeus, como por cristãos. A Bíblia é para esses dois grupos como uma carta, um
mapa para o conhecimento de Deus.
Em minha reflexão fica uma
dúvida. Estará Deus restrito a um livro ou mesmo a uma coleção de livros?
Certamente que não. Deus não se deixa rotular e muito menos se dogmatizar. Ele
não é propriedade de nenhuma religião, não pode ser monopolizado e nem preso
dentro de um sistema.
Os que querem o monopólio de
Deus não entendem nada de sua essência e grandeza. Ele está acima de tudo e de
todos. Gosto muito da frase de um teólogo suíço chamado Karl Barth. Ele disse: “Qualquer coisa que falarmos sobre Deus,
será sempre um ser humano falando sobre Deus”. Isso quer dizer que nossa
pequenez não é capaz de alcançar a magnitude do Eterno e por isso, qualquer
tentativa de explica-lo é inútil, pois, somos limitados e não conseguimos
desvendar os mistérios do Deus criador.
Meu caro e dileto leitor com
certeza meu intento aqui não é criar dúvidas na sua mente ou no seu coração,
mas apenas estimular uma reflexão sobre algo tão complexo que é esse ser que
chamamos de Deus.
Vamos seguir o sábio conselho
de Desmond Tuto, arcebispo anglicano da África do Sul: Deus não é propriedade
dos cristãos. Eu ainda ouso dizer que Deus não é propriedade de nenhuma outra
religião.
Paz e graça,
Haroldo Mendes