Há momentos que não quero escrever. As
palavras e as ideias fogem de minha mente. Falta-me a inspiração necessária, o
assunto, a vontade. É algo incompreensível, mas que deve haver alguma razão
para explicar a tão temida e pensada página branca que ronda os escritores de
todos os tempos.
Escrevo pouco, bem menos do que devia. Mas na
história da literatura veremos autores de um único livro e não poucos ficavam
anos sem produzir nada.
A literatura é quase um dom profético. As
histórias acontecem de repente na cabeça do escritor e ele então vai
desenrolando a trama e na verdade nem ele mesmo sabe onde irá parar sua
história.
Eu nunca escrevi um romance. Mas pretendo me
aventurar nas crônicas que é o que mais gosto. Não me sinto ainda preparado
para produzir um romance, embora ficaria muito feliz se isso acontecesse.
A opção pela vida de escritor deve ser uma
contingência, um imperativo dentro de alguém que queira trilhar esse caminho. É
preciso que as palavras saltem de dentro de você para que algo de bom aconteça
no universo da literatura. Sem isso, nunca produziremos algo digno do nome. Há
muitos livros e muitos escritores medíocres. Mas a boa produção literária não
acontece de qualquer maneira, ela surge quando menos se espera e acredito até
que já venha pronta, só precisa do toque de mestre do autor. Acho que é assim
mesmo, embora, como já afirmei, nunca escrevi um romance.
Gosto de autores precisos e simples Um livro
é uma conversa com o leitor. Há textos rebuscados que nos deixam perdidos desde
as primeiras linhas e a gente insiste para ver se descobre algo interessante,
mas na maioria das vezes chegamos até a última página sem entender nada. Não gosto
desse tipo de literatura! Amo os os autores diretos, de frases curtas e bem
colocadas. Textos que te dizem logo no início o caminho que você irá trilhar.
Estamos carentes da boa literatura, essa que
nos encanta e nos prende ao livro desde a primeira página até a última quase
sem fôlego.
Mas querido leitor, se você tem esta
inquietação dentro de si, comece agora. Não perca tempo, rabisque algumas
linhas e deixe que as palavras se organizem no papel. É assim que se faz
literatura. Siga em frente e busque seu sonho de escritor, talvez você seja o
que todos nós estamos esperando.
Haroldo Mendes