06 janeiro 2015

CONVERSA À MESA

Era já por volta do meio dia, sol quente e eu estava assentado tranquilamente comendo um delicioso peixe ao molho branco, preparado na tradicional cozinha da confeitaria Momo. A confeitaria Momo fica no coração da Savassi, bairro dos mais charmosos da nossa querida BH.
Enquanto me deliciava com a iguaria, sem nenhuma pretensão, reparei na mesa ao lado dois senhores que conversavam distraidamente. Ambos tinham a aparência distinta, ilustre, bem ao estilo dos que frequentam a confeitaria Momo diariamente.
Seriam eles médicos? Empresários? Advogados? Juízes? Não sei. E acredito que nunca saberei. Mas afinal o que importa saber a profissão deles? E pela aparência e o teor da conversa certamente já estavam aposentados. Entretanto, o que nos interessa nesse momento não é isso, mas sim a conversa que os dois travavam de maneira apaixonada.
Então vamos ao que interessa, vamos às falas.
O que será que conversavam tão apaixonadamente esses dois senhores já avançados em idade? Não deu para “pescar” muita coisa da conversa, mas o pouco que ouvi foi o bastante para me impressionar e me deixar bastante reflexivo.
A conversa girava em torno de doenças. Isso mesmo, doenças, no plural. Um disse ao outro: “Você já tomou o remédio tal”? E o outro admirado responde: “Não, esse ainda não conheço”.
- Mas nossa! Você precisa experimentar. É uma beleza para dores nas costas.
- Hum...Preciso experimentar, deve ser muito bom mesmo! Respondeu o senhor da esquerda.
Há...mas você ainda não viu nada! Nem imagina o que meu médico me receitou esses dias para enxaqueca. Uma maravilha!
- Mesmo? Fala pra mim, me dá o nome rápido. Sofro muita com enxaqueca!
E assim ficaram ali os dois senhores distintos e com certeza muito endinheirados a citar nomes de remédios os mais estranhos possíveis e a falar sobre terapias e médicos para todos os tipos de doenças.
E eu também ali, na Momo, bem tranquilo, comendo meu peixe ao molho branco e pensando na brevidade e futilidade da vida.
Em se tratando de doenças, não há distinção de classe social, ela atinge a todos independente das posses. O que muda são os tratamentos, pois, em nosso país, tendo dinheiro o tratamento é de primeira. Mas não tendo....
Valha-nos Deus!

Haroldo Mendes

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