30 janeiro 2015

AS IGREJAS E O MUNDO

Boa parte dos cristãos vive uma série de conflitos nas igrejas. Explico. Os evangélicos de um modo geral, após sua “conversão”, saem daquilo que eles chamam de “mundo” e entram em outro sistema completamente diferente do que viviam antes e que eles dão o nome de igreja. E é a partir daí, dessa mudança de paradigmas, que começam os conflitos e crises. Bem, vamos então a eles.
A maioria das igrejas evangélicas no Brasil criou um sistema diferenciado de se viver em sociedade. Se você é membro de uma dessas igrejas então você não pode mais viver como vivem as pessoas do “mundo”. Você é diferente, um escolhido, eleito, filho do rei e deve estar sempre em alta, por cima. Você é um vitorioso e as mazelas do mundo não podem te atingir porque você é filho do rei. É essa ideia que perpassa a mente e os corações de muitos crentes. Eles se colocam numa posição de superioridade em relação aos que não pertencem à igreja os quais eles chamam de ímpios.
Além desse destaque exclusivista, há também o disparate de pensar que crente não pode ser pobre, pois, pobreza é sinônimo de maldição e os que não são prósperos não estão na “bênção” e que há alguma coisa errada com essas pessoas.
Fazendo uma simples análise sociológica ou econômica do nosso país, vamos saber sem muito esforço que ser rico ou ser pobre não é tão simples assim. Há uma série de fatores que levam uma pessoa à pobreza ou à riqueza. Fatores econômicos, sociais, de família e até de personalidade e competência. Não dá para simplesmente transferir para o céu ou para o chamado mundo espiritual as questões da economia e estabelecer na igreja quem deve ou não ser rico ou pobre. Isso é um disparate e é mais uma enganação para iludir os menos informados.
Hoje em dia vivemos um boom evangélico. Há uma explosão de igrejas nascendo com um perfil bizarro. Igrejas totalmente despojadas de sua apostolicidade e de sua catolicidade. São verdadeiros negócios forjados em cima de muito marketing e de técnicas muito bem feitas de mídia. Igrejas que anunciam um mundo maravilhoso onde tudo é cor de rosa, onde não há tristeza, nem sofrimento, nem pobreza e que tudo é às mil maravilhas.
Mas a realidade da vida é bem menos colorida como eles nos apresentam. Talvez ela seja colorida para os líderes que se entopem do dinheiro dos incautos, mas para a grande massa, essa que na verdade sustenta todo esse sistema, ela é bem dura. São homens e mulheres trabalhadores que lutam dia-a-dia para manter suas famílias com dignidade e que depositam nos gazofilácios seus dízimos e ofertas suados e que eles acreditam estar contribuindo para a expansão do Reino de Deus, mas que na realidade nem sempre é isso o que acontece. Há muitos espertalhões no meio das igrejas, verdadeiros estelionatários da fé que se aproveitam da fragilidade e falta de conhecimento dos fiéis para extorquir e enganar.
Querido leitor este é apenas um lado da moeda, o lado das questões financeiras e sociais. Mas há também o outro lado, o lado da manipulação, da alienação e do controle das pessoas. Bem, esse nós abordaremos em breve.


Haroldo Mendes

Nenhum comentário: