01 novembro 2010

A Igreja do Passado e a Igreja do Presente

   Estamos vivendo um tempo profundamente perigoso para a Igreja de Cristo. Em primeiro lugar devido à banalização da fé pelos de fora da Igreja. E em segundo, pela vulgarização do sagrado pelos de dentro; aqueles mesmos que deveriam ser os guardiões da fé.O primeiro ponto não me assusta, pois, na verdade, não espero muita coisa daqueles que não creem em Deus. Mas o segundo, me deixa muitíssimo preocupado, pois envolve diretamente os que deveriam ser o baluarte da fé.
   A maioria das Igrejas atuais optou por um caminho estranho à tradição apostólica. Elas deixaram de lado o legado seguro dos apóstolos e dos seus discípulos para seguirem seu próprio caminho. Caminho este, diga-se de passagem, escorregadio e muito perigoso. As seitas neopentecostais não param de crescer e muitas Igrejas históricas se enveredaram na competição do mercado religioso para garantir seu nicho de fiéis.
   Há um despojamento quase que total da tradição histórica do cristianismo em grande parte das Igrejas Evangélicas brasileiras. É como se elas dissessem: “Não queremos o passado, nós representamos o novo”. E é aí que mora o perigo! Deixar o antigo pelo novo. Isso trás consequências desastrosas para o avanço do Reino de Deus.
   Em lugar algum das Escrituras Sagradas Canônicas (a Bíblia) se diz que devamos abandonar a tradição. Pelo contrário a recomendação é de que precisamos guardar a herança que nos foi transmitida (conf. Judas 3). A fé é imutável, não há Igrejas modernas, pois elas sempre estarão conectadas com as comunidades primitivas do primeiro século. Se abandonarmos a fé apostólica correremos o risco de sair da ortodoxia (reta doutrina). E isso é, no mínimo, apostasia (abandono da fé).
   Eu pergunto aos leitores: onde é que estava a Igreja no período que vai do século I ao século XVI quando veio a Reforma Protestante? Será que a Igreja do Senhor se abstraiu? Foi abduzida? Sumiu? Escafedeu-se? Não, não! Ela estava lá. Sempre esteve lá. Porque ela é a Igreja do Senhor! Nem católica e nem protestante e, ao mesmo tempo, essas duas coisas. E as portas do inferno não prevalecerão contra ela!
   Em meio à turbulência que vivemos é mais do que necessário definirmos e afirmarmos nossa tradição apostólica. Eu não me refiro aos supostos “apóstolos” modernos, pregadores da Teologia da Prosperidade, mas, sim, à sã doutrina pregada por aqueles que viram Jesus, andaram com Ele e que foram testemunhas de Sua ressurreição.
   Voltemos a uma teologia mais centrada na Bíblia e na tradição, onde Cristo é o Senhor e não nós. Onde a glória não é deste mundo e onde os tesouros não são roubados e nem corroídos.
Oremos por uma Igreja mais conectada com o seu fundador: Jesus!

Haroldo Mendes

Nenhum comentário: