Boa parte dos cristãos vive
uma série de conflitos nas igrejas. Explico. Os evangélicos de um modo geral,
após sua “conversão”, saem daquilo que eles chamam de “mundo” e entram em outro
sistema completamente diferente do que viviam antes e que eles dão o nome de
igreja. E é a partir daí, dessa mudança de paradigmas, que começam os conflitos
e crises. Bem, vamos então a eles.
A maioria das igrejas
evangélicas no Brasil criou um sistema diferenciado de se viver em sociedade.
Se você é membro de uma dessas igrejas então você não pode mais viver como
vivem as pessoas do “mundo”. Você é diferente, um escolhido, eleito, filho do
rei e deve estar sempre em alta, por cima. Você é um vitorioso e as mazelas do
mundo não podem te atingir porque você é filho do rei. É essa ideia que perpassa
a mente e os corações de muitos crentes. Eles se colocam numa posição de
superioridade em relação aos que não pertencem à igreja os quais eles chamam de
ímpios.
Além desse destaque
exclusivista, há também o disparate de pensar que crente não pode ser pobre,
pois, pobreza é sinônimo de maldição e os que não são prósperos não estão na
“bênção” e que há alguma coisa errada com essas pessoas.
Fazendo uma simples análise
sociológica ou econômica do nosso país, vamos saber sem muito esforço que ser rico
ou ser pobre não é tão simples assim. Há uma série de fatores que levam uma
pessoa à pobreza ou à riqueza. Fatores econômicos, sociais, de família e até de
personalidade e competência. Não dá para simplesmente transferir para o céu ou
para o chamado mundo espiritual as questões da economia e estabelecer na igreja
quem deve ou não ser rico ou pobre. Isso é um disparate e é mais uma enganação
para iludir os menos informados.
Hoje em dia vivemos um boom
evangélico. Há uma explosão de igrejas nascendo com um perfil bizarro. Igrejas
totalmente despojadas de sua apostolicidade e de sua catolicidade. São
verdadeiros negócios forjados em cima de muito marketing e de técnicas muito
bem feitas de mídia. Igrejas que anunciam um mundo maravilhoso onde tudo é cor
de rosa, onde não há tristeza, nem sofrimento, nem pobreza e que tudo é às mil
maravilhas.
Mas a realidade da vida é
bem menos colorida como eles nos apresentam. Talvez ela seja colorida para os
líderes que se entopem do dinheiro dos incautos, mas para a grande massa, essa
que na verdade sustenta todo esse sistema, ela é bem dura. São homens e
mulheres trabalhadores que lutam dia-a-dia para manter suas famílias com
dignidade e que depositam nos gazofilácios seus dízimos e ofertas suados e que
eles acreditam estar contribuindo para a expansão do Reino de Deus, mas que na
realidade nem sempre é isso o que acontece. Há muitos espertalhões no meio das
igrejas, verdadeiros estelionatários da fé que se aproveitam da fragilidade e
falta de conhecimento dos fiéis para extorquir e enganar.
Querido leitor este é apenas
um lado da moeda, o lado das questões financeiras e sociais. Mas há também o
outro lado, o lado da manipulação, da alienação e do controle das pessoas. Bem,
esse nós abordaremos em breve.
Haroldo Mendes